Há menos de uma semana, aceitei a empreitada da editora Eliana Gagliotti para escrever quatro textos curtos para apresentação dos contos de Edgar Allan Poe adaptados para história em quadrinhos (DCL). Apenas não imaginava a aventura que isso ia dar...
Poe é daqueles escritores que muitos já ouviram falar, conhecem por citações, mas poucos se detiveram em seus textos. Comigo assim tem acontecido, sem me livrar de um livro ou jamais ter concluído a leitura do volume Contos de terror, mistério e de morte, trad. Oscar Mendes, que carrego há anos. Eu, confesso. Sempre fui um leitor relapso com Edgar Allan Poe. Mas é preciso me desculpar: algo se fixou tão presentemente à minha imaginação para sentir-me fascinado – e feliz – com uma das cenas do filme A queda da casa de Usher que minha mãe narrou durante um almoço. Deveria ter uns oito anos e mentalmente vi muito bem toda a cena em branco e preto. Nos dias de colegial, ouvi os comentários de Yolanda sobre a composição do nome familiar US-SHE-HE-HER e reconheceria, anos mais tarde, as análises de Décio Pignatari, sim, o professor da professora. Persistentemente, o minimalismo e as imagens outonais sobre The Fall of the House of Usher me ajudaram a povoar o silêncio com a ópera de Philip Glass. E, claro, li o conto em língua portuguesa e no original em inglês, entre bem poucas outras histórias. Ainda não encontrei e assisti, oh Lady Madeline, o filme que minha mãe me contava.
Busquei os ensaios críticos de Edgar Allan Poe. Escrevi os textos encomendados – e não sei se a editora virá aceitar o jogo em primeira pessoa, como faria o escritor, confundindo o homem com o personagem narrativo. Em dois dias, arrisquei traduzir um de seus poemas e, na contramão dos juízos comuns, descubro que Allan Poe trabalhou bem mais com cores e luzes do que pressupõe o consumo midiático. Talvez eu tenha aí encontrado um novo caso de admiração possessiva. Eu, confesso. PETER O.SAGAE
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Retrato de Edgar Allan Poe, quando jovem, em uma rara ambientação romântica; trata-se de uma miniatura pintada em aquarela por John A. McDougall, ca. 1846 (The Huntington Library).
Peter,
ResponderExcluirSempre tive medo de ler contos de terror, mas minha admiração por Poe permitiu abrir uma exceção. Coordenei uma equipe de Literatura e escolhi Contos de Terror, de mistério e de morte. Tenho um volume do Círculo do Livro. Trabalhamos apenas cinco contos (O barril de Amontillado, Berenice, O retrato oval, A queda do Solar de Usher,O gato preto) para a aula digital dirigida a alunos do 9º ano. Saí da equipe há um ano e não sei como está. Não seria um caso de admiração obsessiva! Imagine se a editora não vai aceitar! Abraços.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBendita exceção... Pignatari tem curiosos comentários sobre os dentes de Berenice! Agora tenho trabalhado a segunda versão das apresentações aos contos de Poe e, entre eles, está mesmo A queda da casa/solar de Usher!!!
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