Oficinas de Alfabetização @oficinasdealfabetizacao
@lap_faced Laboratório de Acervos e Práticas
Uma obra. Muitas dobras.
Uma cobra, dá de sobra!
Uma coisa nunca é só uma coisa.
Uma palavra também não.
Corta cola, corta aqui, cola ali...
Cola imagem, cola texto...
E a conversinha final me deu rio para fluir.
E fui navegando, sem saber aonde ir:
cortando uma esfera à faca, metade dá hemisfério?
Cortando sílabas aqui, sílabas ali e desempilhando-as - porque é, de meu feitio, brincar de lego com palavras e elas já são decompostas mesmo - comecei a ler coisas assim:
Que o escapião raramente escorpa.
Quadrupés, quadrupés... E você o que és?
E ainda aprendi que moro numa nave espacial, com os muitos vinis da antiga civilização da minha casa. Mas que Alice e o coelho apressado conhecem astronautas! Formigável!!!
Mas, olha, eu saí de perto do livro, confesso, mas foi só um pouquinho! E, quando voltei, suas sílabas empilhadas, mas saltitantes, embaralharam todas, e aí, eu li assim:
formigonça(o livro deu régua e compasso para deixar as convenções da linguagem passearem um pouquinho longe daqui) Mas parei no maremoto, embaralhado por vocação. Eu maresia ali no torto da letra. E nos O de ortodoxo - quem diria, todo círculo, mas querendo ser reto... Seria o mesmo de sagae?
escordável
abagandã
inglapoca
jurumora
No ventríloquo, ventrilouco, parei na imagem... e pensei: e se eu for cortando e colando coisas assim, alheias, aleatórias (será?), sem medo - posso criar obras sem sobras e com muitas e muitas dobras assim???
Ah! 2 no telhado, eu e Bartolo... que veio de brinde, e a gente lá em cima, esperando o que vai acontecer em seguida... Muito obrigada, Peter! Até mais pela inspiração... e as muitas possibilidades com esta obra.
...e ele lembrou que gosto de abecês!
P.S. Gente, vocês sabem que eu gosto de livro que brinca com alfabeto, palavras contundentes, sílabas saltitantes e coisinhas de fazer com as mãos - não sabem? Esse livro de Peter tem tudo isso! Mas em vez de falar do livro, dei asas às brincâncias que ele evocou em mim, e escrevi esse textinho aí, maluquinho, fazendo jus a louvar um abecedário “imagiário”, e com umas pequenas nuances escondidas para quem conhece o livro. E ainda tem as colagens, que evocam palavras, que se decompõem em sílabas (ou outros estilhaços), que se criam em textos e convidam, texto, versos, palavras, sílabas e imagens “descomparadas” (à moda de Manoel de Barros), a criar outros textos e versos...
Conheci o Dobras da Leitura há uns 24 anos (diz Peter!) e acompanho desde então (antes disso, só o Doce de Letra, da Rosa Amanda Strausz - bota tempo nisso!). Eu morava na França, trabalhava com literatura infantil e tradição oral para crianças brasileiras em Paris, num ateliê chamado Saci Pererê. Também já estava saudosa, naquela época, de ouvir nossa língua falada nas ruas... Mas como já tinha internet, era nos sites de literatura que eu encontrava a minha morada na nossa língua e suas predisposições poéticas à brincadeira...
Salvador BA, 31 de maio 2024
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