Talvez eu devesse começar pedindo desculpas aos escritores automaticamente verbais de literatura para crianças, bem como àqueles que apenas ‘lustram livros com imagens sobre o papel e a tela, sem lê-los ou escrevê-los, pois corro à tentativa de dar definição à literatura infantil contemporânea como uma área de criação que se constrói e revela-se por quem manipula dois códigos, o verbal e o visual, no concurso de uma só linguagem: o livro! É uma possibilidade, aliás, bem generosa de definição oferecida pelos 30 anos de trabalho/leitura de Angela-Lago, Eva Furnari e Ana Raquel. Sim, uso-me das imagens e dos enigmas de nossas queridas autoras para ilustrar uma ideação infinita de riquezas e desafios sobre os livros e a literatura para crianças, pois as três (como diria A. Raquel) são iluscritoras.
Que você aí, então, saiba perdoar tamanha ou tonta ousadia, vindo já para o segundo parágrafo. Porém... 30 anos não se resumem num simples (ou mágico) piscar de olhos, nem mesmo com o virar rápido e rapino de uma página a fim de surpreender-se diante de uma nova ilustração — Ana, Eva e Angela têm contribuído para a grandeza da literatura infantil brasileira com espécies vivas de exemplos (ainda à espera de descrição precisa e classificação), num tapete maravilhoso de histórias, truques, adivinhas e matrifusias. Experimente espalhar seus livros ilustrados pelo chão e percorrê-los num voo: é fácil constatar como Angela-Lago e Eva Furnari enredaram-nos por suas ilustrações, tendo ainda inaugurado o livro de imagens numa oferta de gêneros e produtos inéditos no mercado editorial brasileiro, logo no início de suas carreiras, no pêndulo entre o imagiário e a narrativa visual. E vi uma bruxinha atrapalhada; vi, de repente, brincando com palavras e confissões, um personagem encalhado; vi mesmo (enquanto Elvira vinha) a pontinha menorzinha do enfeitinho do fim do cabo de uma colherzinha de café... Uma década depois, Ana Raquel pescava poeminhas, estrada depois de estrada, da língua de gente grande tornando-os tão nossos em livros especialmente projetados para leitores de qualquer idade. Ai de mim! Das estripulias tão afetivas, dos cânticos mais sensuais, quem se aventura a dissolver hoje todas essas imágicas memórias?
Três autoras: três estrelas, diferentes em seus estilos, porém admitindo sempre, todas elas, a ação do leitor em suas obras. Este é o gosto bom do jogo literário posto que é um ritmo em que nenhuma imagem nasce isenta ou solitária. Já não importa se escorre livre a aquarela, cores na ponta do lápis apontadíssimo, pingando ou bordando pixels — Eva Furnari, Ana Raquel e Angela-Lago nos ensinam a olhar e pensar os significados do ser lúdico-criança nas tramas do possível e da visualidade que igualmente perpassa os fios da urdidura verbal. Artesãs palavra&imagem Traçando Histórias, nesta sétima (e importante) mostra de ilustração de literatura infantil e juvenil.
Visão interna do catálogo da 7ª Mostra Traçando Histórias que reúne ilustradores brasileiros de literatura infantil e juvenil, em que o texto acima foi publicado, novembro de 2010.
Que você aí, então, saiba perdoar tamanha ou tonta ousadia, vindo já para o segundo parágrafo. Porém... 30 anos não se resumem num simples (ou mágico) piscar de olhos, nem mesmo com o virar rápido e rapino de uma página a fim de surpreender-se diante de uma nova ilustração — Ana, Eva e Angela têm contribuído para a grandeza da literatura infantil brasileira com espécies vivas de exemplos (ainda à espera de descrição precisa e classificação), num tapete maravilhoso de histórias, truques, adivinhas e matrifusias. Experimente espalhar seus livros ilustrados pelo chão e percorrê-los num voo: é fácil constatar como Angela-Lago e Eva Furnari enredaram-nos por suas ilustrações, tendo ainda inaugurado o livro de imagens numa oferta de gêneros e produtos inéditos no mercado editorial brasileiro, logo no início de suas carreiras, no pêndulo entre o imagiário e a narrativa visual. E vi uma bruxinha atrapalhada; vi, de repente, brincando com palavras e confissões, um personagem encalhado; vi mesmo (enquanto Elvira vinha) a pontinha menorzinha do enfeitinho do fim do cabo de uma colherzinha de café... Uma década depois, Ana Raquel pescava poeminhas, estrada depois de estrada, da língua de gente grande tornando-os tão nossos em livros especialmente projetados para leitores de qualquer idade. Ai de mim! Das estripulias tão afetivas, dos cânticos mais sensuais, quem se aventura a dissolver hoje todas essas imágicas memórias?
Três autoras: três estrelas, diferentes em seus estilos, porém admitindo sempre, todas elas, a ação do leitor em suas obras. Este é o gosto bom do jogo literário posto que é um ritmo em que nenhuma imagem nasce isenta ou solitária. Já não importa se escorre livre a aquarela, cores na ponta do lápis apontadíssimo, pingando ou bordando pixels — Eva Furnari, Ana Raquel e Angela-Lago nos ensinam a olhar e pensar os significados do ser lúdico-criança nas tramas do possível e da visualidade que igualmente perpassa os fios da urdidura verbal. Artesãs palavra&imagem Traçando Histórias, nesta sétima (e importante) mostra de ilustração de literatura infantil e juvenil.
Peter O’Sagae
leitor.crítico.editor
leitor.crítico.editor
Visão interna do catálogo da 7ª Mostra Traçando Histórias que reúne ilustradores brasileiros de literatura infantil e juvenil, em que o texto acima foi publicado, novembro de 2010.
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