ninguém ficar magoado com ninguém
é conversa através, ao revés,
continuação de outras feiras
festas e promessas (não cumpridas)
presenças, tudo o que lembro e esqueço
com o meu processamento
sensorial
conjunto de traços, cores, som
e sauna de uma sala silenciosa
é o elevador quebrado
o joelho doendo
o pescoço periscópio
escadas subindo, descendo
pegar carona de ombro para ir logo ali
e cada um vai para um lado diferente
é fugir da cecília
ou escapulir do joão
querer que eles tenham olhos
pra você (e eles têm)
é mudar o sentido das palavras
das imagens em diálogo
é dizer odeio isso, quando amou
continuar odiando com admiração
pois (simplesmente) não fui eu
quem fez, mas posso trazer
o outro para casa
um coelho, um baralho de tarô,
uma taverna de caminhos
cruzantes, cruzados
o rodízio fantástico
é descobrir o lado bom das pessoas
é abraçar, desembaraçar
entrar por sonhos
ser possuído de novas realidades
é ver nariz empertigado e rezar
para que torça o tornozelo
(são poucos narizes assim, mas são)
também é aprender com eles
para fazer de outro jeito
os estrábicos, perdoamos
também peço compreensão
é ver rostos
vistos antes detrás das telas
e somar às próprias mãos
comprar aquela publicação instagramada
e sair gramando uma edição esgotada
é alegrar-se com os estreantes
e perder de vista pessoas queridas
fazer pontes com leituras já feitas
é ser polido e político
limpar os pés da pandemia
ver bandeiras da palestina
na lapela, no bolso do peito
ter olhos para ver e ouvir
recados que vão e vem
por todos os lados
poesia, leves pedras
em cima da mesa, um movimento
árvore que foi árvore, casca
cascalho de novos caminhos
é acompanhar visitantes
em sua primeira viagem
cartas, mapas, páginas, postais e
miolos para quem precisa
de miolos
acordar na segunda-feira
bem depois do meio-dia
fazer de conta que fazemos as contas
com saudade do próximo ano
#2noTelhado (atrapalhados) agradecem #feiramiolos2024 #miolos2024 #feiramiolos #publicacaoindependente #bibliotecamariodeandrade
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