terça-feira, 3 de junho de 2025

um mergulho a magalhães

dobrasdaleitura | Escrevemos resenhas sobre livros (espera-se que os tenhamos lido), mas saiba: isto não é uma resenha, e o que me trouxe aqui foi uma pergunta, no encontro com os participantes do Curso Tatuí de Publicação @salatatui ontem, no módulo sobre processos criativos. E me dou o direito de adotar o estilo “eu nunca leio, só vejo as figuras” — porque mergulhei em um (a)caso na companhia de Sônia Magalhães.

Vi um livro de muitas páginas que ela folheou rapidamente, o que me fez desconfiar da perspectiva renascentista-fotográfica direcionando nossa percepção, olhar e leitura de imagem. Existe um autoritarismo na ilusão de realidade.
Quero tudo o que vejo antes e ainda em Giotto, a sua visão em raio-X, o que acontece dentro e fora das casas, das caixas, da cabeça das personagens. Por exemplo, o Papa Inocêncio III sonhando com Francisco de Assis: um senhor pesadelo ver rompida a coluna da santa igreja e a basílica cai-não-cai sustentada pela coluna vertebral do humilde santo... A eficiência narrativa está na geometria dos espaços multiplicados, num mesmo retábulo.

Quero ver mais e mais o que veio depois de Cézanne, senão frutos, massas de cor verde, amarelo, vermelho, as coisas que no mundo se moldam em círculos, esferas e cilindros.

Somos expectadores de uma representação.
O quadro Homenagem a Cézanne, de Maurice Denis (1900), é também uma peça imaginada com os figurões da irmandade secreta dos Nabis, em torno de uma pintura realizada duas décadas antes.

O pintor simbolista Odilon Redon tenta se convencer de algum argumento de Paul Sérusier. Ao fundo, o ruivo Édouard Vuillard, o crítico André Mellerio usando uma cartola, o merchant Ambroise Vollard atrás do cavalete, o próprio Maurice Denis, Paul Ranson, Ker-Xavier Roussel, Pierre Bonnard com um cachimbo e, olhando-nos, Marthe Denis, a esposa de Maurice. É ela quem diariamente indaga, e temos vida na fruteira?


sábado, 10 de maio de 2025

Dia Mundial da Colagem


RECORTAR é uma palavra semelhante a recordar, coisa de cortar e guardar as coisas que nos passam pelos olhos e pelas mãos: uma foto, um desenho, um postal, uma página de revista, e passamos boa parte da vida recortando informações, de lá pra cá, pra guardar e lembrar depois, para guardar dentro da cabeça, do celular, de uma caixa, de um livro — a colagem é uma brincadeira de criança que muitos artistas passaram a se utilizar para evidenciar como o tempo e a realidade são fragmentos e estilhaços de uma história por mostrar e vale a pena pensar como uma palavra e mais outra nos dá uma imagem, uma imagem e mais outra nos dá uma estrela, uma ideia que nos alegra — colar é então aproximar coisas, coisas alheias e distantes que se tornam mais nossas, e neste livro temos isso mesmo: UM ZUNZUNZUM VISUAL como é a apropriação de imagens que se transformam num léxico que nos serve para construir uma mensagem nova a partir de velhas referências: imagens que boiam pela internet, vindo de manuais de história, atlas medievais, estocagem e remix de frutas e bichos, monstros, transportes, filatelia, propagandas, marcas famosas e desconhecidas, texturas, brinquedos, filmes e fotografias em branco e preto, o colorido dos mestres da pintura e depois, depois do recorte, vieram nascendo os versos, ora legendas que leem a composição, ora palavras que me exigiam buscar outras figuras... uma coleção sem-fim de imagens do passado e do presente aptas a serem remanejadas do seu lugar, recortar é uma palavra semelhante a RECORDAR

✂️
bastidores do livro #coisacoisas
REEDITANDO o posfácio
para caber numa POSTAGEM
na companhia de Freud, Marx e...
Tina Bau @tipoforadacasinha!
️#2noTelhado #edicoesbarbatana
#colagem imagiário-abecedário

sexta-feira, 9 de maio de 2025

Qual a cor da Kombi quando corre?

De 7 a 11 de maio, a Edições Barbatana participa da VII Feira do Livro da Unesp. Os títulos estarão com 50% de desconto, presencialmente e também no site www.edicoesbarbatana.com.br

#coisacoisas
nas fotos da @fabi_daniels_
#feiradolivrounesp
#edicoesbarbatana


imagem adicional do livro
#editorasindependentes

quarta-feira, 7 de maio de 2025

bartolo residencial matchbox

Foto e texto: Tina Bau
REPOST @tipoforadacasinha

sei que inda é maio
também sei que a referência é Chapeuzinho
mas me lembra uma rena misturada com Noel, Bartolo
o menino do capuz verde, o Grinch

então, se as festas juninas são o natal do sertão,
desce do telhado pra lage o papão
na noite pra João
no barbante cola bandeirolas
na cozinha faz quentão

e o garoto já crescido
atento
sonha e transforma o tempo

arteirice em horinhas de descuido
(ansiedade pelo sanju também explica)
que fiz pra Peter O Sagae
ousadia, com camadas e intenção

#bartolodetolonãotemnadiindafazcanjica