sexta-feira, 2 de maio de 2008

Com as barbas de molho,

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Fim de abril e da data limite para o depósito da tese junto à secretaria de pós-graduação. O prazo cumprido é apenas o começo da última etapa: há de vir, enfim, a defesa num dia desses entre junho e julho. Depois de alguns anos, debruçado em pesquisas, depois dos últimos dois meses, completamente isolado do mundo, vem aí um volume de páginas com o título Imagens & Enigmas na Literatura para Crianças, sob a orientação de Maria dos Prazeres Mendes, compreendendo (1) um diálogo com outros estudos sobre ilustração e as relações palavra&imagem, (2) a proposta de uma matriz com quinze critérios para a apreciação e análise da literatura contemporânea para crianças e jovens, dando evidência aos aspectos materiais da linguagem e dos signos verbal e visual, dos quais resulta uma arquitetura lógica de três categorias sobre (a) as condições contextuais ao campo da autoria, (b) as marcas do uso do suporte-livro e do projeto gráfico, (c) as relações espaciais palavra&imagem, propriamente ditas, cada uma delas permitindo novas divisões de três em três subcategorias; por fim, (3) as decifrações em jogo com obras de Angela Lago, Roger Mello e Saramago, em parceria com o ilustrador João Caetano.

Isso dito, tudo pensado, tudo escrito, parece que a única prova material que o trabalho foi feito, realmente, é mesmo o pedido de encadernação... Das dez cópias, somando 3060 páginas, nenhum outro pedaço de papel que possa comprovar que o trabalho existe, em algum lugar, além dos diretórios virtuais do computador :-( Talvez seja por isso que, à maioria dos pesquisadores, venha a sensação de vazio pelo vazio que fica em nossas mãos. Afinal, o que foi feito foi feito?

Com uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma, somente a cabeça em órbita pelas idéias, vou retornando ao cotidiano (what is this, people?). Na própria quarta-feira, todos os livros que voavam pela casa retornaram às estantes, claro, em uma nova “disposição espacial”. Também volto para as coisas pequenas, já posso cortar as unhas dos pés, pentear os cabelos e aparar a barba... Sei não, até estou gostando do visual do velho Urtigão, do homem que subiu a montanha e vai voltando, passos sem pressa, para o mundo civilizado ;-)

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