sábado, 27 de fevereiro de 2010

7 páginas para o CILELIJ


As Atas do Congresso Ibero-Americano de Língua e Literatura Infantil e Juvenil serão publicadas em uma edição impressa, bilíngüe e em cores, com o lançamento previsto para outubro próximo. Participo com o texto “Leitores em rotação”, parafraseando aí Octavio Paz, a quem tomo uma frase: Andamos perdidos entre as coisas, nossos pensamentos são circulares e percebemos apenas algo que emerge, ainda sem nome (1971).


Na mesa-redonda programada para o 27 de fevereiro, deveria refletir algo a respeito do impacto da velocidade, da democratização do acesso à internet e das novas linguagens na comunicação sobre a literatura infantil e juvenil. Um tempo exíguo, um texto cronometrado: sete páginas, das quais rapto (e antecipo) alguns fragmentos. Para os amigos:

[...] Para não vir aqui com uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma, passo a apontar e, então, descrever três aspectos imbricados: primeiramente, como o uso das próprias tecnologias sofre um contínuo assédio dos internautas, ou seja, como os leitores adultos de LIJ acabam por influenciar o trabalho que desenvolvemos; em segundo lugar, o que carreia a multiplicação de espaços de comunicação sobre LIJ, diluindo fronteiras e desenhando novas relações de produção, circulação e recepção de conteúdos pertencentes à LIJ; por fim, considerando o contexto de leitores em constante navegação, o que fazem e o que esperam fazer os editores de conteúdo para alcançá-los...

[...] Nesta tecnologia de sonhos que é a internet, sinto, na verdade, que procuramos difundir outros sonhos. E o motivo que nos reúne neste congresso não é outro senão os sonhos que a literatura infantil e juvenil deveria conter em si mesma.

[...] Voou uma década e [...] Passamos a viver um lugar tecnológico de reprodução e sobreposição de conteúdos, muitas vezes confundindo olhares e as vozes que se dedicam à metalinguagem da LIJ, sem conseguir distinguir/separar qual o discurso da crítica, do jornalismo, do serviço informativo ou da publicidade.

[...] a figura do leitor — que são os navegadores, que somos nós — e não mais age como mero visitante, mas um seguidor de conteúdos. Arrisco a pensar que, embora a rede seja um ambiente de imersão virtual, ainda nos encontramos face a face com um leitor fragmentário (Santaella 2001) que começa a dar uso social e sua própria velocidade à internet — um leitor, nascido no último século, sob o impulso da multiplicação das mídias, que lê a notícia pendurada nas bancas de jornal, a propaganda nos táxis e no alto dos prédios, a luz frenética que pisca na televisão e dança no vídeo-clipe. Seria, pois, a movimentação desse tipo de leitor, em mil direções, o que promove a dispersão de referências através da internet.

E são os seus volteios que me levam a considerar, ainda, como o maior desafio para a comunicação sobre LIJ e o conhecimento que se deseja promover, a organização dos conteúdos on-line — publicados em sites ou blogs. A internet já possui um passado, um arquivo morto, um balaio de gato. E nos recusamos a apagá-lo... Tudo pode e parece banalizar-se e desaparecer com o acúmulo de informações, quando a mensagem não se estampa no topo da página ou entre as postagens mais recentes. Pergunto, outra vez: como conduzir os leitores de volta à descoberta dos livros e da literatura, sem entretê-los demasiadamente na rede?


Um comentário:

  1. Hola Peter:
    Gracias por visitar la Aldea de las Letras y así permitirme conocer tu trabajo, fascinante por lo que puedo leer en tu biografía. La pregunta que haces es inquietante, sobre todo cuando pienso que hay muchos jóvenes, mucha gente que ni siquiera ha descubierto los libros ni la literatura, a ellos ¿cómo acercarlos, cómo hacer atractiva la literatura frente a tanta oferta en los medios?
    Seguiré tu trabajo.
    Va un abrazo.

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